terça-feira, 19 de abril de 2011

Tantos a opinar. Mas tão tarde!

Com o título " É Urgente uma Reconversão Profissional" escrevi este post em 3 de Fevereiro de 2009. Já a crise estava madura e a minha apreeensão já era grande quanto ao futuro do País. Por que razão, questiono-me, deixaram chegar-nos à situação complicada, quase catastrófica, em que nos encontramos?



A crise bateu-nos à porta, entrou-nos em casa sem pedir licença e instalou-se . Não se ouve falar de outra coisa e começa a ser traumático se não o é já. O número de desempregados aumenta de dia para dia e é sobretudo no Norte, onde a indústria está instalada, que se ouve falar de despedimentos, fábricas fechadas, da necessidade de injectar fundos públicos para recuperar aquilo que ainda está em vias disso. É o sector têxtil, o sector automóvel, o sector do calçado, o sector corticeiro... as notícias caem-nos impiedosamente sem, no entanto, vermos apontadas quaisquer soluções para minorar os seus efeitos.
Há os que têm excesso de qualificações para um determinado emprego, os que têm falta delas para outros, os que são muito novos para a reforma mas muito velhos para arranjar novo emprego e há assim muita gente que não vislumbra uma réstia de esperança para continuar a viver. A crise começou a ter rosto e não podemos ficar indiferentes à realidade nua e crua que se abate sobre nós. Há dias, um homem dos seus cinquenta anos, perante a falência da empresa e o respectivo despedimento gobal dos trabalhadores pedia, com a voz embargada, que lhe arranjassem trabalho. Para ele e para os seus camaradas. No seu caso, ele e a mulher haviam sido despedidos no mesmo dia e tinham casa e filhos para sustentar. É certo que há o subsídio de desemprego mas, pergunto, aguentará a Segurança Social o pagamento desses subsídios com o aumento de milhares de desempregados provocado pela crise? Há quem diga e acredite que vão ser dois anos duros mas eu, que sou como S. Tomé, não acredito que tenhamos apenas dois anos de calvário. O número de desempregados da faixa etária dos 45 aos 54 anos não pára de aumentar e até agora as medidas destinadas a proteger os desempregados de longa duração destinavam-se sobretudo àqueles que se situavam numa faixa superior aos 55 anos. A economia portuguesa precisa de uma reestruturação. Debatemo-nos com um problema estrutural e temo a "pastilha laboral" que possa estar a chegar. Os trabalhadores necessitam de ajudas sociais mas, em simultâneo, há que prepará-los para o desempenho de novas profissões. Por outro lado, faltam os benefícios fiscais para os pequenos investidores, comerciantes e industriais, muitos deles tragados pelas grandes superfícies que, como cogumelos, se vão reproduzindo por todo o País. É urgente pensar numa reconversão profissional através de acções de formação subsidiadas pelo Estado que permitam a passagem de sectores menos rendíveis, moribundos, desactualizados para outros com uma tipologia adequada aos tempos de hoje.





10 comentários:

AC disse...

Pois é, minha amiga, muito mais poderia ser sido feito se, em vez da vaidade, fosse cultivada a política do bom senso e do interesse nacional.
Mas a hora não é de lamúrias, não nos podemos dar a esse luxo. Até porque, provavelmente, o pior ainda está para vir.
O seu texto é muito lúcido.

Beijo :)

Anónimo disse...

Obrigada por este teu texto que fala
do que tantos de nós vimos e que outros ñ quiseram ver...
Mas é para nós q vai sobrar!
Beijo.
isa.

João Roque disse...

Tudo isto já vem de muito longe.
Antigamente o ensino secundário era dividido em Liceus e Escolas Industriais e/ou Comerciais, onde eram ministrados cursos não superiores, mas técnicos e de fácil colocação pós-ensino.
Terminou-se com esse ensino, quando se sabe, hoje, que se há sectores onde a crise não entra é nessas profissões, em que as pessoas vão ganhando até bastante bem, enquanto um licenciado, com um investimento infinitamente maior em tempo e dinheiro, fica anos à espera de um primeiro emprego.
Este é apenas um pequeno exemplo de como as coisas em Portugal são feitas sem uma visão futura.

Mar Arável disse...

A crise maior está nos que manipulados e espoleados
apostam cá dentro

nos fazedores de crises

gaivota disse...

como diz a isa... uns vêem, outros não querem ver/saber...
bem-hajas, querida!
beijinhossssssssss milessssssss

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

pois é.um texto muito coerente.
um beijo

boas páscoas

Evanir disse...

Hoje vejo tantos blogs de amigos e amigas de Portugal me sinto triste
em ver que em materia de polica vivemos e sofremos do mesmo mal.
Os policos de bolso cheio e a gente a pagar impostos cada dia mais alto ,,e a cada dia ficamos mais pobres ja ñ sabemos em quem votar.
Uma linda noite beijos e beijos ,Evanir.
www.aviagem1.blogspot.com
E
www.fonte-amor.zip.net
nesse ultimo tem presente de Páscoa na postagem caso gostar pode pegar.

José Lopes disse...

Primeiro que tudo precisamos de gente séria ao comando, o que não temos tido.
Boa Páscoa
Cumps

Branca disse...

Querida Isabel,

Já por estes dias tinha lido esta tua reedição da crise. Infelizmente dois anos passaram e pior estamos, não só não se recuperou o que se estava a perder, como se perdeu quase tudo. Indústria já não há, a que existia aqui pelo Norte, na maior parte ligada aos têxtil é feita agora noutros países onde a mão de obra é a restos de barato, mas alguns dos patrôes são os mesmos. A ferocidade de alguns grupos económicos comandam a escravatura lá e cá, com a cumplicidade dos políticos que nada fazem para contrariar essa tendência, para já não falar na corrupção e nos que tendo responsabilidades fazem parte de todo este esquema.

Como diz o Eufrázio, já não vale a pena apostar mais nos fazedores de crises, continuamos bipolarizados e andamos sempre à volta dos mesmos, mas dificilmente alguns entenderão que algo tem que mudar profundamente.

Beijinhos.
Branca

Anónimo disse...

Evito falar da crise, não porque tenha a opinião que não existe, ou por falta de formação. Não falo por duas razões:

- a primeira, porque a crise já cá está e a sinto há muitos anos e já nessa altura eu dizia..."quem avisa amigo é";

- a segunda...porque não é saudável para o meu coração e meu bem estar.

Mas posso fazer um "pequeno resumo":

Comecei a trabalhar com 14 anos. Como trabalhador-estudante tirei um curso técnico de excelente valor e procurado nessa altura por grandes empresas.
Fiz serviço militar, regressei ao trabalho e fui evoluindo na minha carreira profissional, sempre com a preocupação em aprender cada vez mais e aumentar os meus conhecimentos, o que me tornou num profissional altamente especializado e do qual me honro muito.

NUNCA faltei (a não ser para o serviço militar e para me casar), mas...aos 45 anos o meu patrão (um empresário muito conhecido aqui na praça), na altura começou a "poupar por causa da crise"...para manter o nível de vida que tinha com as amantes, os carros de alta cilindrada, as contas off-shore nas ilhas cayman, as viagens, as luvas aos Bancários corruptos, os subsídios para isto e para aquilo menos para o que se destinavam...enfim, um relatório imenso de "brincadeiras" e "engenharias financeiras" com que TODOS os governos sempre pactuaram!

Que quero dizer com isto? A crise não é de agora. Como diz a velha canção: "...JÁ VEM DE LONGE".

Minha querida amiga, as minhas humildes desculpas por extenso comentário. Tem liberdade para o apagar.

Tudo de bom

Bem haja


Beijinhos....calmos, serenos, sem stress e...sem crise! :)))
Desculpa a brincadeira.

:)