segunda-feira, 13 de abril de 2009

Cantata de Paz


Vemos, ouvimos e lemos
Não podemos ignorar
Vemos, ouvimos e lemos
Não podemos ignorar

Vemos, ouvimos e lemos
Relatórios da fome
O caminho da injustiça
A linguagem do terror

A bomba de Hiroshima
Vergonha de nós todos
Reduziu a cinzas
A carne das crianças

D'África e Vietname
Sobe a lamentação
Dos povos destruídos
Dos povos destroçados

Nada pode apagar
O concerto dos gritos
O nosso tempo é
Pecado organizado

Sophia de Mello Breyner Andresen

16 comentários:

Elvira Carvalho disse...

Enquanto eu escrevia o comentário você estava colocando um novo post.
Um poema de Sophia que podia muito bem ter sido escrito hoje, porque a actualidade não nmudou nada, infelizmente para nós.
Um abraço

Anónimo disse...

Espero q.tenhas passado um Domingo de Páscoa calmo e feliz.Já se riem
por eu dizer "calmo".Claro! Este calmo é = sem problemas...
A Maria como está? Miminhos para ela.
Beijo.
isa.

Graça Pires disse...

A Sophia sabia que a poesia também contém uma ética. Por isso disse sempre o que achava estar certo, como neste excelente poema.
A imagem do 25 de Abril de 1974 é inesquecível. Beijos.

Ana Echabe disse...

Bom dia Isamar!

A palavra pecar, em Grego, tem tambem o significado de errar o ponto, ou seja, continuamos cometento pecados e desagregando o objetivo da qual a humanidade é responsavel.
Belo lembrado poema.
Beijos e um começo de semana ensolarado em você.

Nocturna disse...

Belo poema, da nossa mais perfeita poeta. (Sophia não gostava de ser chamada poetisa)
Um alerta que passados tantos anos está, infelizmente, muito actual.
A foto lembra-nos os dias mais exaltantes das nossas vidas.
Temos que acordar para que outros dias de esperança sejam vividos em Portugal.
Um grande abraço
Nocturna

Zé Povinho disse...

Conheço um cântico, ou um espiritual negro, que começa precisamente pelas mesmas palavras, "Vemos, ouvimos e lemos", que ouvi ainda muito novo numa igreja protestante frequentada em exclusivo por negros. Este e outros cânticos ficaram-me para sempre na memória, pela sua beleza e harmonia vocal, que então eram para mim uma novidade total.
Abraço do Zé

gaivota disse...

sempre em dia, sempre actual, a esperança numa cantata de paz!
e abril???
andei por outros lados, fora daqui...
e o nosso menino começa a crescer, a desenvolver-se...
beijinhossssssssssss grandesssssssss

lagartinha disse...

Vinha só deixar beijinhos, mas ao ler este poema, comecei a pensar, a pensar e cheguei à conclusão de que um a um, individualmente, poderíamos mudar o mundo, se quiséssemos...
Beijinhos ceguetas...

Chanesco disse...

Poema/canção, hino à liberdade com o 25 de Abril (soube aqui que era de Sofia), é intemporal.

Abraço

Alexa disse...

amiga
Da nossa mais querida poeta Sophia
um belissimo poema escrito Há decadas atrás mas completamente imtemporal

Parabéns

Unknown disse...

Querida I.

E muitas vezes este poema musicado acorda-me na garganta...
que bom revê-lo aqui!!!!!

Tudo de BOM PARA TI!!!!!
Bjkas!

Maria Clarinda disse...

Excelente este poema da Sophia...
Bela escolha e partilha. Jhs

Anónimo disse...

Não! Não vamos ignorar. Não vamos (deixar) esquecer.

Abraço solidário.

Tudo de bom.

Papoila disse...

Querida Cara-Vento:
Regressada de férias venho visitar-te e deparamo-me com este actualíssimo poema de Sophia que é como se prova intemporal.
"Nada pode apagar
O concerto dos gritos
O nosso tempo é
Pecado organizado"
Beijos

Manuel Veiga disse...

excelente também a voz do Pe. Fanhais, que deu corpo à canção.

... quem hoje celebra o Poema?

beijos

João Roque disse...

Sophia está neste belo poema intimamente ligada à voz que o tornou famoso. F. Fanhais...
Beijinho.