Esclareçam-me, por favor!

Na imprensa desta semana, despertou-me a atenção uma notícia que referia um tal relatório que tecia rasgados elogios sobre as reformas implementadas no Ensino Básico, em Portugal, nos últimos três anos. Constou-me que o relatório era da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico ( OCDE ) e que as tais reformas educativas eram avaliadas de forma muito positiva. Cheia de curiosidade, e tendo conhecimento do descontentamento que grassa no ensino e particularmente entre os professores, dediquei mais atenção ao assunto e, ontem, constatei, para espanto meu, que o relatório que havia sido referenciado como sendo feito pela OCDE era , afinal, segundo alguns, um estudo sobre política educativa, feito por políticos internacionais independentes que segue de perto a abordagem e a metodologia da OCDE. Afinal estávamos perante um relatório do "tipo" dos que são feitos por essa organização. Não gosto desta designação porque sempre defendi que os originais são melhores do que as cópias por mais fidedignas que estas sejam. Mas continuemos!

Lembrei-me então de uma entrevista dada por António Vitorino, há dois ou três meses, onde ele dizia que o governo deveria equacionar a criação de uma comissão de sábios que teria como objectivo alcançar um acordo sobre o processo de avaliação dos professores.

Disse António Vitorino, na altura, à RTP, que " seria bom que começássemos a pensar na possibilidade de haver uma comissão independente inspirada no modelo inglês, um grupo de sábios, pessoas que fossem aceites pelos dois lados e que aceitassem fazer uma avaliação da avaliação". Segundo dizia, não faltavam em Portugal personalidades capazes de integrar este grupo.

Ora bem, foi aqui que eu encontrei um das possíveis chaves para a dúvida que se me levantou sobre o tal relatório que era mas afinal já não é da OCDE. Ter-se-á formado essa comissão de sábios? Terá sido essa comissão a fazer o relatório independente que segue de perto a metodologia da OCDE? Feito por sábios aceites pelos dois lados? Esclareçam-me, por favor!