domingo, 11 de setembro de 2011

Foi há 10 Anos! A América e o Mundo Ficaram/Ficarão Abalados para Sempre!



  


 Eu acabara de chegar de mais uma manhã de trabalho semelhante a tantas outras. Abri a porta e, na sala, encontrei, estupefactos, em silêncio, olhos esbugalhados, mãos na boca,uns, mãos na cabeça, outros, em frente da televisão, os meus familiares. Lembro-me como se fosse hoje! Assistiam, em directo, a  momentos de terror, medonhos, inimagináveis, que os deixavam em pânico, atónitos, indignados perante a dimensão da violência que os seus olhos presenciavam em directo. Não tenho palavras para descrever a catadupa de emoções que tomou o meu corpo, que quase o paralisou. Lembro-me que não me sentei, que me apercebi imediatamente de que algo terrível estava a ser transmitido em directo, que comecei a tremer e, boquiaberta, ia soltando interjeições que revelavam o pânico a apoderar-se de mim, a tolher-me os movimentos a ponto de entrar em desequilíbrio e cair  desamparada no soalho se não me sentasse imediatamente. Lembro-me que não almocei, não conseguia deglutir fosse o que fosse e continuei ali pela tarde dentro. No meu pensamento, tinha começado uma guerra. A malvadez, a vileza, a ignomínia levadas ao seu expoente máximo, estavam patentes, ali mesmo na minha frente. Entretanto, outros familiares foram chegando, o grupo foi alargando e o espanto, o medo, a tristeza, a revolta também foram aumentando de tom. Milhares de pessoas mortas, desaparecidas, milhares de pessoas fragilizadas, amedrontadas, em pânico temendo pela vida dos seus familiares e milhões, muitos milhões, aterrorizados, incrédulos.
Vários edifícios desmoronavam como se fossem baralhos de cartas. Incrível! Houve quem se atirasse do alto dos arranha-céus numa última esperança de sobreviver.  A nossa incredulidade aumentava e com ela a rebelião perante a impotência humana num momento tão trágico, tão violento . Os factos estavam à vista mas quem teriam sido os monstros que planearam e executaram tamanha tragédia, tamanha carnificina? As toneladas de aço, betão e ferro, que nos pareciam inexpugnáveis, ficaram destruídos em pouco tempo. Cederam perante as altas temperaturas resultantes dos incêndios provocados pelo choque dos aviões com as torres, símbolo do poder americano.  Uma grande nuvem de poeira envolvia aquela gente transtornada que fugia da morte, do terror instalado, que procurava conhecidos, familiares, sobreviventes. Outros, muitos, tentavam, em vão, contactar familiares que supostamente poderiam estar vivos dentro dos edifícios. Os telefones não funcionavam ou, se chamavam, do outro lado ninguém atendia.Chegavam-nos notícias de que aqueles que viajavam nos aviões enviavam mensagens de despedida, de amor, de esperança. Chegavam notícias de mulheres, mães, noivas, filhos agarrados  à esperança de que ainda encontrassem com vida aqueles que tanto amavam. O desespero de quem viveu aqueles momentos ficará marcado na sua alma, no ponto mais fundo do coração enquanto por cá andar, enquanto a sua mente lhes facultar esta terrível viagem ao passado.O mundo passou a ser diferente , muito diferente, para todos nós.

13 comentários:

Anónimo disse...

É verdade,minha Amiga.
E nunca nada ficou igual!
A insegurança,o medo,a injustiça,
estão presentes nos nossos pensamentos.
Beijo.
isa.

AC disse...

Tudo mudou a partir daí, mas para pior. E, infelizmente, para o futuro continuam a desenhar-se cenários trágicos...

Beijo :)

Fátima Pereira Stocker disse...

Foi medonho de mais! Continuo a senti-lo como um pesadelo horrendo.

Beijos

Elvira Carvalho disse...

Foi mau demais amiga. Tanto que até apagou da memória de muitos o 11 de Setembro de 1973 no Chile e os milhares de vidas ceifadas aí. Propositadamente este ano decidi não fazer nenhuma alusão em qualquer dos meus espaços a esta data. A semana passada caiu no Chile um avião.A bordo levava 21 passageiros que iam a levar apoio material e moral ao arquipélago Juan Fernandez devastado pelo terramoto de Fevereiro de 2010. Como deve recordar o que o terramoto não derrubou, o tsunami que se seguiu levou. Entre os 21 passageiros ia Felipo Cubillos, um homem extraordinário, que tendo tudo achou que lhe faltava o mais importante, ser solidário e ajudar os que nada tinham. Durante mais de um ano ele trabalhou e lutou para a reconstrução da ilha. Para dar um tecto a quem ficou sem ele. Foi uma obra notável. Regressava com materiais que tinha ido comprar ao continente. Não houve sobreviventes. E aquela gente ficou muito mais pobre. Ficou sem o pai que os cuidava. Para mim isso sobrepõe-se a tudo o resto. Dos que morrem fica a memória para ser reverenciada. Dos mortos vivos cuja alma sangra todos os dias muito poucos falam e quase ninguém ajuda. Um dia deste hei-de falar-lhe mais de Felipe Cubillos e dos escritos que deixou.
Um abraço e bom Domingo

Maria disse...

Tinha ido nessa manhã para a Ilha. Chamaram-me para ver o que estava a passar na televisão. Por segundos pareceu-me ser um filme de efeitos especiais. Rapidamente acordei para o horror.
Mas como hoje quase toda a gente fala de há 10 anos, eu prefiro recordar um outro 11 de Setembro, o de 1973, no Chile. Que ainda recordo como se fosse hoje. E o estádio cheio de gente, que acabou por ser morta.
O 11 de Setembro que eu quero recordar é mesmo o de 1973. Para que nunca mais!

Beijo.

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

triste, triste e parece que foi ontem!

beij

São disse...

Foi um dia terrível, sem dúvida. Mas, sinceramente, a mim marca-me mais o 11 de Setembro de 1973 !

Uma boa semana para ti, linda.

Zé Povinho disse...

Todos repudiamos a violência, aconteça ela onde acontecer.
Abraço do Zé

O Puma disse...

Morreram pessoas

de noventa nacionalidades

mas no Iraque
não há torres

Petrus Monte Real disse...

Inteira verdade, amiga Isamar!
Vivi o 11 de setembro de 2011 numa ocasião em que estava de férias.
Cheguei a casa quando tinha sido atingida a 1ª Torre.
Os telejornais repetiam até à exaustão aquela imagem impressionante, sob suspeita de atentado terrorista, até que, em directo para todo o mundo, deram a imagem da investida sobre a 2ª Torre! Aí começou aquilo que parecia um pesadelo!
Pela primeira vez senti que o Horrível da ficção tinha sido ultrapassado pela realidade. E continuo hoje a senti-lo.
Uma enorme desgraça se abateu sobre nós.
Sofremos as suas consequências. Até quando?
Ainda não sabemos.
Um abraço
e boa semana

José Lopes disse...

Não se pode responder à violência com violência, mas infelizmente há quem não aprenda.
Cumps

João Roque disse...

Todas as nossas pequenas histórias, acerca desse dia, jamais as esqueceremos, porque esse dia pertence já à História, infelizmente.

Anónimo disse...

Nesse dia eu estava em Luz de Tavira :) a acabar um excelente churrasco após uma super manhã de praia. De repente, «Ó pai, ó pai, chega aqui depressa» gritava o meu filho da sala onde estava (e está ainda hoje) um pequeno televisor.

Quando olhei e vi um avião (o segundo, soube mais tarde) a ir contra uma torre, perguntei ao meu filho: «que filme é esse?»


Quando acordei para a realidade fiquei ali, de pé, a olhar para a tv, não querendo acreditar no que estava a ver.

Hoje, passados que estão estes anos, a minha solidariedade vai para todos aqueles que sofreram e sofrem, vítimas inocentes numa guerra pelo poder (petróleo).