Moinho de Vento ( vertente Sul) imagem Cata-vento
A nudez da serra, sobretudo na vertente norte, deixa-me arrepiada, revoltada, indignada. O eucaliptal, o pinhal, o sobral, o azinhal ,que aqui foram crescendo durante anos, séculos, foram devorados em poucas horas por um incêndio que, mãos criminosas e mesquinhas, de gente ignóbil, sem um mínimo de pejo , atearam a esta serra que tanto amo. A afronta sentida ao vê-la consumir-se pelas chamas foi traumática, indescritível de tão revoltante e não esquecerei esses momentos ,dramáticos, vividos à beira da estrada, perto da casa onde vim ao mundo, em que senti a minha impotência e pequenez para lançar mão de meios que pudessem de alguma maneira combater as chamas vorazes que subiam e desciam as encostas a uma velocidade estonteante. Estava atordoada, estremunhada, prostrada com a dimensão catastrófica do inferno que nos caíra em cima, de que não havia memória Hoje, a serra vai renascendo, a vegetação rasteira que a cobre ainda não lhe dá a cor verde que a caracteriza mas, à medida que nos aproximamos, vemos as estevas, o rosmaninho, o tomilho, os poejos, os tojos a dar-lhe as pinceladas coloridas que nos dão ânimo para continuar a reflorestação. Aqui vive-se do que a terra dá. A agricultura praticada é só de subsistência mas a madeira, as bolotas, a cortiça e o mel são fontes de rendimento de quem por aqui foi ficando e muito prejuízo tiveram estas pobres gentes, idosas, que viram partir, de um dia para outro, o fruto do trabalho, árduo, de muitos anos. Subo muitas vezes a serra e fico fascinada a olhar os montes do Caldeirão que fazem parte de mim enquanto por cá andar. Os outros "montes" ( pequenos aldeamentos da serra) , outrora prolíferos, foram desaparecendo à medida que os mais novos procuravam melhores condições de vida. As ruínas comprovam a existência da população de outros tempos que aqui vivia, crescia e morria. "Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, este mundo é composto de mudança" mas o abandono e a desertificação não são irreversíveis e, daqui, eu peço às autarquias que promovam o repovoamento destas paisagens ímpares que fazem deste país um verdadeiro paraíso ambiental.
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20 comentários:
A segunda foto é muito bela!
Isamar,
... lugar bonito esse
que tem, à mão de semear, os quatro pontos cardeais... os quatro cantos do mundo!
e prende o olhar de quem o observa...
e de quem o imagina
á distância!
Fantástico
Parabéns
Bom fim de semana!
Um beijo
Fotos muito Belas....acho a primeira
esmagadora....
Beijo
De facto
uma pérola
As fotos mostram um lugar maravilhoso...
Beijos.
Isa ,subscrevo ,inteiramente , o seu pedido às autarquias para que promovam o repovoamento das nossas regiões...
Beijo
Quina
excelente.
Sempre que por aqui passo sinto que o Algarve me apetece !
Belas imagens.
Bjs
Soberbas fotos, querida Isamar. Li o seu excelente texto. Sei como se sente.Ano passado, em Ponte de Lima, onde tenho uma casa, vi a serra do Gerês toda a arder.É uma sensação de impotência, perante mãos criminosas que não têem rosto.
A destruição da beleza natural.Liguei diversas vezes a pedir auxilio ao ver o fogo alastrar e a descer em direcção às habitações. Foram quatro noites em que não dormi.Parece-me que existe mais consciência no cidadão comum, do que naqueles que têem a obrigação ( pelo voto do povo)de defender zonas protegidas. Enfim...! Bem haja querida, pelas maravilhosas fotos e pelo seu apelo expresso no seu texto a quem tem a responsabilidade de saber proteger o património natural. Bjito e uma flor.
Acredita que olhei para a terceira imagem e associei às imagens de presépios que outrora se faziam nas montras do Barreiro.
Que pena que os sítios mais bonitos deste País se encontrem quase desertos.
Um abraço e uma boa semana.
Nota:
Já deixei o seu recado no blogue do Petrus.
Pena que não linkei o Guizo do gato e já não sei o endereço.
Nestas minhas férias (que hoje acabaram)e por obra e graça do S. Pedro, que providenciou pouco sol, algum frio e chuva :o) tive oportunidade de revisitar locais que adoro e que vou continuar a visitar enquanto por cá andar ;)
Um desses sítios foi vítima de um "incêndio de verão" há pouco mais de 4/5 anos.
Hoje, nesse mesmo local, não nasceram árvores novas de uma reflorestação que todos desejavam, mas sim, moradias de luxo. Uma delas pertencente a um político reformado e outra a um jogador de futebol.
E não digo mais nada para não "sujar" este cantinho que tanto adoro e respeito.
Beijinhos para a minha querida amiga.
Tudo de bom.
belissimas fotos que aqui tens!
parabéns!
beij
um paraíso no meio da serra!
beijinhosssssssss milesssssss
Olá, Isamar.
Há uns valentes anos, deslocava-me do Alentejo para Faro para estudar.
A viagem era pelo Espinhaço de Cão até Lagos; a seguir, de automotora, até Faro.
Anos a fio, com interrupções pela Páscoa e Natal.
Belas recordações da Serra.
Sobretudo, no tempo quente, quando os campos libertavam o cheiro das resinas das estevas.
(De regresso ao comentário e pondo fim às edições agendadas, eis o retomar da actividade.)
Bjs
Belas fotografias...Espectacular....
Cumprimentos
Olá, Isabel!
Já telefonei à Elvira.
Ela visitará a exposição (que já está encerrada) na 4ª feira, pouco antes de eu lá ir, desmontá-la.
Se cá vieres avisa, tá bem?
Bjsss
Continuo a não entender os que têm tanta inveja de viver num sítio tão belo que tentam que mais ninguém o possa fazer! O meu marido trabalha numa empresa que necessita do papel para sobreviver, mas parte dos seus lucros são aplicados na preservação da natureza...vá-se lá compreender... destas empresas não se fala nas notícias...
Lugar lindo para se viver! Ai quem me dera um dia poder criar os meus filhotes no meio da natureza!
MIlhões de beijinhos
A devastação das serras em consequência dos incêndios -- Uma inevitabilidade(?) sazonal -- poderá vir a constituir-se mais um incentivo para o avanço da desertificação.
Perdeu-se o mar -- Ok, voltou a falar-se. A tempo de recuperar? -- perder-se-á a floresta?
Bjs
As imagens são lindas. O apelo que fazes é um grito de revolta que entendo e partilho !
O texto é excelente, como todos os teus ! Saudades, Isamar, e que este Verão poupe a tua linda serra!
Beijinhos *
Um reparo.Isabel!
Não da Ocidental Praia Lusitana
mas da Meridional Ptaia Lusitana, como digo no meu poema - O Algarve -
mais propriamente, Lagos, donde saíram os primeiros descobridores!
Bjssss
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