quinta-feira, 14 de julho de 2011

Moinho de Vento ( um dos pontos mais altos do Alportel)



Moinho de Vento (Vertente Sueste) - Foto Cata-Vento
Moinho de Vento ( vertente Norte) - imagem Cata-Vento
  

Moinho de Vento ( Vertente Sueste) imagem Cata-Vento
  

Moinho de Vento ( vertente Sul) imagem Cata-vento

A nudez da serra, sobretudo na vertente norte, deixa-me arrepiada, revoltada, indignada. O eucaliptal, o pinhal, o sobral, o azinhal ,que aqui foram crescendo durante anos, séculos, foram devorados em poucas horas por um incêndio que, mãos criminosas e mesquinhas, de gente ignóbil, sem um mínimo de pejo , atearam a esta serra que tanto amo. A afronta sentida ao vê-la consumir-se pelas chamas foi traumática, indescritível de tão revoltante e não esquecerei esses momentos ,dramáticos, vividos à beira da estrada, perto da casa onde vim ao mundo, em que senti a minha impotência e pequenez para lançar mão de meios que pudessem de alguma maneira combater as chamas vorazes que subiam e desciam as encostas a uma velocidade estonteante. Estava atordoada, estremunhada, prostrada com a dimensão catastrófica do inferno que nos caíra em cima, de que não havia memória
Hoje, a serra vai renascendo, a vegetação rasteira que a cobre ainda não lhe dá a cor verde que a caracteriza mas, à medida que nos aproximamos, vemos as estevas, o rosmaninho, o tomilho, os poejos, os tojos a dar-lhe as pinceladas coloridas que nos dão ânimo para continuar a reflorestação. Aqui vive-se do que a terra dá. A agricultura praticada é só de subsistência mas a madeira, as bolotas, a cortiça e o mel são fontes de rendimento de quem por aqui foi ficando e muito prejuízo tiveram estas pobres gentes, idosas, que viram partir, de um dia para outro, o fruto do trabalho, árduo, de muitos anos.
Subo muitas vezes a serra e fico fascinada a olhar os montes do Caldeirão que fazem parte de mim enquanto por cá andar. Os outros "montes" ( pequenos aldeamentos da serra) , outrora prolíferos, foram desaparecendo à medida que os mais novos procuravam melhores condições de vida. As ruínas comprovam a existência da população de outros tempos que aqui vivia, crescia e morria.
"Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, este mundo é composto de mudança" mas o abandono e a desertificação não são irreversíveis e, daqui, eu peço às autarquias que promovam o repovoamento destas paisagens ímpares que fazem deste país um verdadeiro paraíso ambiental.




20 comentários:

João Roque disse...

A segunda foto é muito bela!

Petrus Monte Real disse...

Isamar,

... lugar bonito esse
que tem, à mão de semear, os quatro pontos cardeais... os quatro cantos do mundo!
e prende o olhar de quem o observa...
e de quem o imagina
á distância!
Fantástico

Parabéns
Bom fim de semana!
Um beijo

Andradarte disse...

Fotos muito Belas....acho a primeira
esmagadora....
Beijo

Mar Arável disse...

De facto

uma pérola

Graça Pires disse...

As fotos mostram um lugar maravilhoso...
Beijos.

Idanhense sonhadora disse...

Isa ,subscrevo ,inteiramente , o seu pedido às autarquias para que promovam o repovoamento das nossas regiões...
Beijo
Quina

Tiago R Cardoso disse...

excelente.

Lilá(s) disse...

Sempre que por aqui passo sinto que o Algarve me apetece !
Belas imagens.
Bjs

tecas disse...

Soberbas fotos, querida Isamar. Li o seu excelente texto. Sei como se sente.Ano passado, em Ponte de Lima, onde tenho uma casa, vi a serra do Gerês toda a arder.É uma sensação de impotência, perante mãos criminosas que não têem rosto.
A destruição da beleza natural.Liguei diversas vezes a pedir auxilio ao ver o fogo alastrar e a descer em direcção às habitações. Foram quatro noites em que não dormi.Parece-me que existe mais consciência no cidadão comum, do que naqueles que têem a obrigação ( pelo voto do povo)de defender zonas protegidas. Enfim...! Bem haja querida, pelas maravilhosas fotos e pelo seu apelo expresso no seu texto a quem tem a responsabilidade de saber proteger o património natural. Bjito e uma flor.

Elvira Carvalho disse...

Acredita que olhei para a terceira imagem e associei às imagens de presépios que outrora se faziam nas montras do Barreiro.
Que pena que os sítios mais bonitos deste País se encontrem quase desertos.
Um abraço e uma boa semana.

Nota:
Já deixei o seu recado no blogue do Petrus.
Pena que não linkei o Guizo do gato e já não sei o endereço.

Anónimo disse...

Nestas minhas férias (que hoje acabaram)e por obra e graça do S. Pedro, que providenciou pouco sol, algum frio e chuva :o) tive oportunidade de revisitar locais que adoro e que vou continuar a visitar enquanto por cá andar ;)

Um desses sítios foi vítima de um "incêndio de verão" há pouco mais de 4/5 anos.

Hoje, nesse mesmo local, não nasceram árvores novas de uma reflorestação que todos desejavam, mas sim, moradias de luxo. Uma delas pertencente a um político reformado e outra a um jogador de futebol.

E não digo mais nada para não "sujar" este cantinho que tanto adoro e respeito.

Beijinhos para a minha querida amiga.

Tudo de bom.

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

belissimas fotos que aqui tens!
parabéns!
beij

gaivota disse...

um paraíso no meio da serra!
beijinhosssssssss milesssssss

Unknown disse...

Olá, Isamar.

Há uns valentes anos, deslocava-me do Alentejo para Faro para estudar.
A viagem era pelo Espinhaço de Cão até Lagos; a seguir, de automotora, até Faro.
Anos a fio, com interrupções pela Páscoa e Natal.

Belas recordações da Serra.
Sobretudo, no tempo quente, quando os campos libertavam o cheiro das resinas das estevas.

(De regresso ao comentário e pondo fim às edições agendadas, eis o retomar da actividade.)

Bjs

Fernando Santos (Chana) disse...

Belas fotografias...Espectacular....
Cumprimentos

vieira calado disse...

Olá, Isabel!

Já telefonei à Elvira.

Ela visitará a exposição (que já está encerrada) na 4ª feira, pouco antes de eu lá ir, desmontá-la.

Se cá vieres avisa, tá bem?

Bjsss

lagartinha disse...

Continuo a não entender os que têm tanta inveja de viver num sítio tão belo que tentam que mais ninguém o possa fazer! O meu marido trabalha numa empresa que necessita do papel para sobreviver, mas parte dos seus lucros são aplicados na preservação da natureza...vá-se lá compreender... destas empresas não se fala nas notícias...

Lugar lindo para se viver! Ai quem me dera um dia poder criar os meus filhotes no meio da natureza!

MIlhões de beijinhos

Unknown disse...

A devastação das serras em consequência dos incêndios -- Uma inevitabilidade(?) sazonal -- poderá vir a constituir-se mais um incentivo para o avanço da desertificação.

Perdeu-se o mar -- Ok, voltou a falar-se. A tempo de recuperar? -- perder-se-á a floresta?

Bjs

Ana disse...

As imagens são lindas. O apelo que fazes é um grito de revolta que entendo e partilho !
O texto é excelente, como todos os teus ! Saudades, Isamar, e que este Verão poupe a tua linda serra!
Beijinhos *

vieira calado disse...

Um reparo.Isabel!

Não da Ocidental Praia Lusitana

mas da Meridional Ptaia Lusitana, como digo no meu poema - O Algarve -

mais propriamente, Lagos, donde saíram os primeiros descobridores!


Bjssss