sábado, 18 de abril de 2009

Quem a Tem...



CANTIGA DE ABRIL

Às Forças Armadas e ao povo de Portugal
«Não hei-de morrer sem saber qual a cor da liberdade»
J. de S.

Qual a cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.

Quase, quase cinquenta anos
reinaram neste pais,
e conta de tantos danos,
de tantos crimes e enganos,
chegava até à raiz.

Qual a cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.

Tantos morreram sem ver
o dia do despertar!
Tantos sem poder saber
com que letras escrever,
com que palavras gritar!

Qual a cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.

Essa paz de cemitério
toda prisão ou censura,
e o poder feito galdério.
sem limite e sem cautério,
todo embófia e sinecura.

Qual a cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.

Esses ricos sem vergonha,
esses pobres sem futuro,
essa emigração medonha,
e a tristeza uma peçonha
envenenando o ar puro.

Qual a cor da liberdade?
É verde. verde e vermelha.

Essas guerras de além-mar
gastando as armas e a gente,
esse morrer e matar
sem sinal de se acabar
por politica demente.

Qual a cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.

Esse perder-se no mundo
o nome de Portugal,
essa amargura sem fundo,
só miséria sem segundo,
só desespero fatal.

Qual a cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.

Quase, quase cinquenta anos
durou esta eternidade,
numa sombra de gusanos
e em negócios de ciganos,
entre mentira e maldade.

Qual a cor da liberdade?
E verde, verde e vermelha.

Saem tanques para a rua,
sai o povo logo atrás:
estala enfim altiva e nua,
com força que não recua,
a verdade mais veraz.

Qual a cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.

26-28(?)/4/1974

Obras de Jorge de Sena
"40 anos de servidão"
Edições 70
1989

26 comentários:

Anónimo disse...

Linda Homenagem que tens estado a fazer ao 25 de Abril.Linda,justa e
necessária.
Beijo.
isa.

JOSÉ RIBEIRO MARTO disse...

... belo poema de Jorge de Sena, e que bem que aqui fica no seu cata vento !
gostei de ler !
abraço

________ JRMARTO

SILÊNCIO CULPADO disse...

Cata-Vento

Um poema a sério com muito condimento.
A cor da liberdade?
Verde talvez, como a esperança.
Porque a liberdade é acreditar na mudança,
olhar para o lado,
ter o nosso traço de criança.
Liberdade é não ver tanta impunidade,
tanto pão que o diabo amassou,

tanta falta de solidariedade.

Para ti que lutas por Abril o meu abraço de liberdade.

lupuscanissignatus disse...

multi
color


[tela

que não

se rasura]

Paz Brasil disse...

Simplesmente Lindo este poema.
Liberdade é ser livre para nascer uma nova vida.
Liberdade,liberdade para os irmãos cubanos que estão presos muito anos.
Liberdade para os presos políticos de Cuba!
Viva a liberdade!
"EU DIGO NÃO Á DILMA."

Ana disse...

A Liberdade tão cantada , tão necessária e tantas vezes ausente.
Não conhecia este poema de Jorge de Sena.
Obrigada, por o trazeres aqui nestes tempos ... "embora escondam tudo e nos queiram cegos e mudos".

Um beijo com amizade.

ps. Sabia que reconhecerias a flor azul :-)

EDUARDO POISL disse...

Amigo é aquela pessoa que o tempo não apaga,
que a distância não esquece,
que a maldade não destrói.

É um sentimento que vem de longe,
que ganha lugar no seu coração
e você não substitui por nada.

É alguém que você sente presente,
mesmo quando está longe...
Que vem para o seu lado quando você está sozinho
e nunca nega um sentimento sincero.

Ser amigo não é coisa de um dia,
são atos, palavras e atitudes
que se solidificam no tempo
e não se apagam mais.
Que ficam para sempre como tudo que é feito
com o coração aberto.

Um bom domingo e uma semana cheia de amor e carinho para você e toda tua família
Um abraço do amigo
Eduardo Poisl

Alexa disse...

Bom poema de Jorge de Sena poeta da liberdade bela homenagem ao 25 de Abril dou-lhe os parabéns.A Liberdade é sempre vermelha para lembrar o sangue que por ela foi derramado e continua a ser.
beijos e bom fim de semana

gaivota disse...

é o mês de abril, a liberdade canta mais alto, sempre e cada vez mais presente!
um poema de verdades, e sem cor definida, sabemos lá qual é a cor da liberdade! é que cada um que a tenha, chama-lhe sua e dá-lhe a cor que quiser...
pinto-a de branco, porque tem que haver paz e justiça num ramo de oliveira no bico duma pomba, branca
bem-hajas, minha querida amiga
beijinhossssssss milessssssss

Anónimo disse...

Voltei.Como ñ fazê-lo?!
Bom domingo.
Beijo.
isa.

Papoila disse...

Minha Querida:
Aqui vive-se Abril! Este poema é uma maravilha.
Beijos

jo ra tone disse...

Grande mulher de Abril
Estou a ver.
Vale a pena a esperança de um dia encontrar um novo Abril, ou outro mês qualquer, em que haja justiça paz e liberdade a sério.
Beijinhos
Bom Domngo

João Roque disse...

Isabel
obrigado pelo teu comentário no post que só esteve activo umas horas e que está agora onde devia ter estado desde início: como comentário do post "Perdi um amigo".
Que estejas melhor...
Beijinhos.

Anónimo disse...

A cor da Liberdade para mim é, a cor dos olhos daqueles que tanto lutam por ela.

Os meus são...VERDES....de esperança.

Tudo de bom.

(notícias da vizinha para breve)

Beijinhos.

Elvira Carvalho disse...

Um belo poema. Enaltecendo a Liberdade o que me parece se convencionou ser lembrado em Abril.
E o resto do ano?
Amiga espero e desejo que esteja melhor.
E desejo-lhe uma óptima semana

Ana Echabe disse...

A cor da liberdade
é a mesma da lembrança primaria,
ainda que por vezes o vermelho fosse a cor de fundo da tela,
porém o titulo da obra criada por varias artistas chamavasse Esparnça.
O tempo é azul e a liberdade tem a cor do pensamento.

Uma petala para cada dia de semana de todos os seus dias.
Bjs

amigona avó e a neta princesa disse...

Minha querida amiga as mudanças, o cansaço, a falta de tempo tem-me impedido de andar por aqui e tenho perdido imenso! A tua homenagem ao 25 de Abril está linda! Obrigada Isabel, obrigada querida! Bem-hajas...

Branca disse...

Tão lindo este poema!
A côr da liberdade está aí, nos cravos vermelhos.
Este ano quero comprar muitos.
Estou emocionada, são momentos.
Ontem ouvi umas canções de intervenção pela Associação José Afonso e agora olhei para este cravo e este poema e emocionei-me.
Agora tenho duas recordações associadas ao 25 de Abril, sempre me emocionava pela alegria, mas também pela lembrança dos que lutaram e sofreram pela Liberdade e agora porque há dois anos tinha a minha flha hospitalizada e quando saí do Hospital de propósito e vim à rua já a festa estava a acabar e eu procurava um cravo para lhe levar e não encontrei, nem tive coragem de o pedir a quem o trazia com tanta alegria pela rua fora.
Este ano apetece-me comprar-lhe um molho deles e vai ser na véspera para não perder a oportunidade.
Beijinho grande.
Fica bem.
Branca

Chanesco disse...

Um cravo de Abril no cano de uma espingarda, foi um bala de esperança disparada sobre a incerteza.

Um abraço

De Amor e de Terra disse...

Minha querida Isabelinha, bom dia!
Obrigada pela visita.
Sempre que queiras e o que queiras minha Amiga, levas contigo, porque são as pequeníssimas prendas que posso dar-te por esta via.
E além disso, fazes-me feliz!
Quanto à Liberdade minha linda e para completar o ditado..."chama-lhe sua"...
Além dos poemas que connosco partilhas, Obrigada também pelos cravos.
Beijos de muita Amizade da
Maria Mamede

Vicktor Reis disse...

Querida Isamar
Magnífico poema aqui partilhado...
É tão bela a Liberdade
Vestida de cores garridas
De alegrias sentidas
Por em si conter verdade
Por dar luz a nossas vidas.

Beijinhos em ondas rolados.

Graça Pires disse...

A cor da liberdade é a cor que o nosso coração guarda. E não a queremos perder. Que bela homenagem ao 25 de Abril. Bem hajas. Um beijo.

Manuel Veiga disse...

25 de Abril. Sempre...

beijos

MPS disse...

Infelizmente, Jorge de Sena morreu sem que o seu País, já livre, o chamasse de volta. Às vezes, na euforia, esquecemos os nossos melhores.

Um grande abraço

Haddammann Verão disse...

A “Deseducação” a que estamos submetidos nesta absurda amancomunação de (des)governo descambou para o mais espúrio tutelamento dos vínculos civis; os “protetores” das famílias são canalhas que engendram a violência e passam-se pra nós como moralistas “defensores” da vida, e seus comparsas estão enfiados onde nunca deveriam estar, na política, na polícia, nos serviços assistenciais, na imprensa, etc; os capangas desse esgoto usam o código “abençoado”, “paz”; e os sêlos da imundície:“crença”: são abarrotados na Sociedade por capangas dos parasitas, na imposição e aumento dos séquitos do Terror religioso disfarçado como “do bem”.
Usando a “técnica” podre (dos diplomas sujos dependurados em embustes) de MENTIR até o fim, o Salafra-Fantoche-Mor tá ái depois de escrachada toda a podridão que vimos e nos têem feito submetidamente (por religião) engolir. A salafra “heroína” da teo-pulhítica (agora inacreditavelmente revelado conluio de “Socialismo Divino” casando Estrela, Foice e Pomba) cospe que roubou, matou, “entregou” inocentes(traíra), na cara abobada da senzala-mista chafurdada no caminho da Índia da TV. O Brasil pena na mão e na bôca de vagabundos político-religiosos que vociferam vomito na mídia formatadora da desgraça civil.

Riscos e Rabiscos disse...

Quase 50 anos de história contados e cantados por Jorge Sena são uma forma admirável de assinalar Abril! Como todos os posts que tem inserido neste mês da liberdade