Maria da Conceição Vassalo e Silva da Cunha Lamas nasceu em Torres Novas em 1893. Criança reservada, recebeu uma educação de tipo tradicional no Convento de Santa Teresa de Jesus, que só viria a completar mais tarde, depois de casada. Saiu do colégio em 1910, por alturas da proclamação da República, acontecimento que referia como um dos marcos profundos da sua vida.
No mesmo ano, conheceu o oficial de cavalaria, Ribeiro da Fonseca com quem casaria um ano mais tarde. Apenas com dezassete anos, acompanha, então, o marido, que parte para África, onde permanece até 1920. A sua vivência de África reflecte-se no livro Confissões de Sílvia.
Regressa a Portugal depois do seu divórcio e fixa-se em Lisboa, onde se dedica ao jornalismo.
Começou por trabalhar numa agência de notícias, depois na revista ‘Civilização’ e finalmente no ‘Século’ onde entrou, pela mão de Ferreira de Castro, para dirigir o ‘Modas&Bordados’, uma típica revista para donas de casa, à qual Maria Lamas dedicará 20 anos da sua vida, tentando transformá-la em algo mais significativo.
Manteve, durante anos, a famosa coluna ‘O Correio da Tia Filomena’, onde, dentro dos condicionalismos da censura, falava da condição das mulheres em Portugal.
Sendo o jornal ‘O Século’ um dos expoentes importantes da cultura portuguesa na época, Maria Lamas encontrou aí uma plataforma de trabalho propícia para a sua personalidade dinâmica e afirmativa e desenvolveu vários projectos, organizando conferências, concertos e exposições.
Tendo a mulher portuguesa como temática geral de fundo, ficaram, então, conhecidas algumas das exposições que promoveu e organizou, como por exemplo, a que apresentou teares do Minho, mesas de trabalho de mulheres como a Marquesa de Alorna e Carolina Michaelis, e onde recriou um conjunto de actividades femininas, ou a que foi a realizada com tapetes de Arraiolos fabricados pelas reclusas do estabelecimento prisional das Mónicas e que permitiu a estas algumas horas de liberdade, nos salões do ‘Século’, para apreciarem os seus trabalhos.
Sob o pseudónimo de Rosa Silvestre, escreveu obras infantis, como Caminho Luminoso e Para Além do Amor, entre outras.
Em 1945, Maria Lamas é eleita presidente do Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas, associação fundada durante a I República e alvo de sistemática repressão pelo regime salazarista. O Conselho viria a ser encerrado algum tempo depois pela P.I.D.E., mas o cargo permite que Maria Lamas percorra o país e conheça melhor a condição das mulheres. Dessas viagens nasce o livro As Mulheres do meu País, que ficará como um referente histórico. Após esta obra publicaria ainda A Mulheres no Mundo e O Mundo dos Deuses e dos Heróis.
As suas opções pessoais e posicionamentos políticos valeram-lhe várias detenções ao longo da vida. A primeira teve lugar como consequência do seu apoio à candidatura do General Norton de Matos. É presa sob a acusação de propagar notícias falsas e pedir a libertação dos presos políticos. Esta seria apenas a primeira de outras detenções, que viriam a afectar profundamente a sua saúde e a determinar a sua condição de exilada política.
A partir de 1961, na qualidade de Membro do Conselho Mundial da Paz fixa-se, em exílio, durante oito anos, na cidade de Paris. É da janela do seu quarto no Hotel Saint-Michael que apoia os jovens durante o Maio de 1968, passando-lhes baldes de água para se protegerem dos gases lacrimogéneos.
Apesar dos seus oitenta anos, apoia ainda com todo o vigor a revolução do 25 de Abril, em Portugal.
Como directora honorária do Modas&Bordados, foi uma das primeiras pessoas a receber a Ordem da Liberdade das mãos do Presidente da República.
Maria Lamas faleceu em Évora aos noventa anos de idade deixando na memória de todos os que com ela conviveram a marca de uma personalidade rica, invulgar e influente, de forma duradoura, para a construção de uma visão nova e alargada do papel da mulher e da democracia.
No mesmo ano, conheceu o oficial de cavalaria, Ribeiro da Fonseca com quem casaria um ano mais tarde. Apenas com dezassete anos, acompanha, então, o marido, que parte para África, onde permanece até 1920. A sua vivência de África reflecte-se no livro Confissões de Sílvia.
Regressa a Portugal depois do seu divórcio e fixa-se em Lisboa, onde se dedica ao jornalismo.
Começou por trabalhar numa agência de notícias, depois na revista ‘Civilização’ e finalmente no ‘Século’ onde entrou, pela mão de Ferreira de Castro, para dirigir o ‘Modas&Bordados’, uma típica revista para donas de casa, à qual Maria Lamas dedicará 20 anos da sua vida, tentando transformá-la em algo mais significativo.
Manteve, durante anos, a famosa coluna ‘O Correio da Tia Filomena’, onde, dentro dos condicionalismos da censura, falava da condição das mulheres em Portugal.
Sendo o jornal ‘O Século’ um dos expoentes importantes da cultura portuguesa na época, Maria Lamas encontrou aí uma plataforma de trabalho propícia para a sua personalidade dinâmica e afirmativa e desenvolveu vários projectos, organizando conferências, concertos e exposições.
Tendo a mulher portuguesa como temática geral de fundo, ficaram, então, conhecidas algumas das exposições que promoveu e organizou, como por exemplo, a que apresentou teares do Minho, mesas de trabalho de mulheres como a Marquesa de Alorna e Carolina Michaelis, e onde recriou um conjunto de actividades femininas, ou a que foi a realizada com tapetes de Arraiolos fabricados pelas reclusas do estabelecimento prisional das Mónicas e que permitiu a estas algumas horas de liberdade, nos salões do ‘Século’, para apreciarem os seus trabalhos.
Sob o pseudónimo de Rosa Silvestre, escreveu obras infantis, como Caminho Luminoso e Para Além do Amor, entre outras.
Em 1945, Maria Lamas é eleita presidente do Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas, associação fundada durante a I República e alvo de sistemática repressão pelo regime salazarista. O Conselho viria a ser encerrado algum tempo depois pela P.I.D.E., mas o cargo permite que Maria Lamas percorra o país e conheça melhor a condição das mulheres. Dessas viagens nasce o livro As Mulheres do meu País, que ficará como um referente histórico. Após esta obra publicaria ainda A Mulheres no Mundo e O Mundo dos Deuses e dos Heróis.
As suas opções pessoais e posicionamentos políticos valeram-lhe várias detenções ao longo da vida. A primeira teve lugar como consequência do seu apoio à candidatura do General Norton de Matos. É presa sob a acusação de propagar notícias falsas e pedir a libertação dos presos políticos. Esta seria apenas a primeira de outras detenções, que viriam a afectar profundamente a sua saúde e a determinar a sua condição de exilada política.
A partir de 1961, na qualidade de Membro do Conselho Mundial da Paz fixa-se, em exílio, durante oito anos, na cidade de Paris. É da janela do seu quarto no Hotel Saint-Michael que apoia os jovens durante o Maio de 1968, passando-lhes baldes de água para se protegerem dos gases lacrimogéneos.
Apesar dos seus oitenta anos, apoia ainda com todo o vigor a revolução do 25 de Abril, em Portugal.
Como directora honorária do Modas&Bordados, foi uma das primeiras pessoas a receber a Ordem da Liberdade das mãos do Presidente da República.
Maria Lamas faleceu em Évora aos noventa anos de idade deixando na memória de todos os que com ela conviveram a marca de uma personalidade rica, invulgar e influente, de forma duradoura, para a construção de uma visão nova e alargada do papel da mulher e da democracia.
E agora, um poema do inesquecível, saudoso, sempre presente, Ary dos Santos:
Mulher
A mulher não é só casa
mulher-loiça, mulher-cama
ela é também mulher-asa,
mulher-força, mulher-chama
E é preciso dizer
dessa antiga condição
a mulher soube trazer
a cabeça e o coração
Trouxe a fábrica ao seu lar
e ordenado à cozinha
e impôs a trabalhar
a razão que sempre tinha
Trabalho não só de parto
mas também de construção
para um filho crescer farto
para um filho crescer são
A posse vai-se acabar
no tempo da liberdade
o que importa é saber estar
juntos em pé de igualdade
Desde que as coisas se tornem
naquilo que a gente quer
é igual dizer meu homem
ou dizer minha mulher
Ary dos Santos
E Aqui Deixo Uma Flor Especial Para Todas As Mulheres. Bem Hajam! Lutem sempre!
34 comentários:
Bravo!Bravo!Minha querida Amiga!
Deixaste-me comovida!Trouxeste,hoje,mais uma grande figura feminina:Maria Lamas.
Era mais uma Amiga dos meus Pais.
Admiravam-na,seguiam de perto o q.
escrevia.Tanta Gente q.conheci na
minha Família de berço.
Acredita que foi com essas Pessoas
que cresci,eduquei,aprendi a ser gente.Obrigada!
Depois um poema do grande Ary.
Não o conheci pessoalmente.Ary dos Santos era Amigo do meu marido.
Ñ é necessário conhecer pessoalmente uma pessoa para a admirar!
Parabéns por seres a MULHER que és.
Beijoo.
isa.
Da Maria Lamas já disseste tudo.
Cheguei a trabalhar com ela depois do 25 de Abril...
Curiosamente também coloquei este poema do Zé Carlos...
Bom dia da Mulher para ti, Isabel.
Beijinho
Então da minha parte as maiores felicitações para vós mulheres, neste dia tão especial.
O homem sem uma mulher à ilharga
não e homem
não é nada
Beijinhos
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....._.;_“.-._ COM CARINHO
Neste dia da mulher.Beijinhos
Embora não concorde em absoluto com esta "moda" dos últimos tempos dos dias mundiais disto e daquilo, pois nalguns casos verdadeiramente importantes, como o dia de hoje, faz-me questionar se os outros 364 dias serão "dias do homem", apesar disso repito, não posso ficar indiferente ao conteúdo deste magnífico post: a homenagem a uma mulher excepcional, Maria Lamas, um belo poema de Ary e outros apontamentos...
Permite-me uma pergunta: tem este blog algo a ver com o infelizmente extinto blog "A ver o mar"???
Beijinhos.
minha querida, desejo-te um dia muito felizzzzzzzzzzzzzzzzzzz
logo voltarei, estou atrazada...
obrigada por tudo, já corrigi a legenda do selo (lololol)
sou assim! sou paleca!!!
mil beijinhossssssssssss
bem hajas por tudo
Hoje, venho depositar um voto de felicidade neste dia que é igual a tantos outros, mas que alguém convencionou ser o Dia da Mulher.
Para mim são todos!
Um dia feliz!
GOLDFINGER
Aqui está uma homenagem "a sério".
Maria Lamas merece. E o poema de Ary muito bonito. Estive a lê-lo ontem bem como o violada, do Nemésio. Para escolher um, mas acabei por escolher poemas femininos.
Para si
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FELIZ DIA MULHER
Cara Isabel
Não ligo nada aos "dias de", embora dê muita importância aos factos que estão na origem da criação desses dias. É contra tais factos, que se eternizam, que que devemos estar alerta em cada um dos dias do ano.
Um grande abraço
Obrigada Amiga pela homenagem a Maria Lamas, pelo poema do Ary e pela homenagem a todas as mulheres. Um beijo para ti, de Mulher para Mulher.
Um outro abraço, querida...o segundo...
Querida Caya-Vento:
Não imaginas com que alegia vi aqui lembrada esta Mulher referencia para as mulheres que lutaram com garra a ditadura. Maria Lamas! Maria Lamas como muitas outras foi sócia da Associação Portuguesa Feminina Para a Paz, mulheres que ajudavam a família de presos políticos e que foram perseguidas pela PIDE e viram a sua sede para sempre selada e encerrada. O poema do Ary dos Santos verdadeiro hino à mulher.
Beijos
Uma descrição completa da vida de Maria Lamas, completada por os bonitos versos de ArY dos Santos, muito bem escolhidos para este dia , e uma linda flôr para finalizar. Parabéns
Cata-Vento
Boas escolhas para lembrar este dia.
Um apertado abraço de Amizade!
bjinhos
Esperança
e maria lamas foi uma senhora, uma grande senhor, uma MULHER!
do ary, está sempre tudo dito e tanto por dizer...
resto de dia feliz!
beijinhosssssssssssssss milesssssss
Minha querida amiga,
Este poema diz tudo.
Diz tudo lá do fundo,
diz tudo da discriminação, diz tudo da grande Mulher
que era Maria Lamas
que és tu, tal como te sinto
e todas as mulheres anónimas
em permanente construção.
Que nenhuma seja esquecida.
Abraço
JUSTA HOMENAGEM A VULTO CIMEIRO DA NOSSA CULTURA CÌVICA E NÂO SÒ !
BEM HAJAS!
____________ JRMARTO
Querida Isabel
Uma evocação sentida e que faz ainda todo o sentido nos tempos que passam.
A evocação de uma mulher e de um homem lutadores pela Liberdade é uma escolha magnífica na comemoração de um dia, que não é mais um dia, mas que é sinónimo duma luta que tem que continuar.
O homem somente será verdadeiramemte livre quando a mulher também o for e tal somente será conseguido num caminho desenhado lado a lado.
Deixo-te aqui um poeminha que hoje já tive oportunidade de dizer cá no meu burgo e que mais logo ainda publicarei na Oficina:
Mulher força da Natureza
Ânimo do homem na luta pela Liberdade
Liberdade tu própria
Que lutas e sofres
Numa sociedade burguesa que te destrói
Dizendo amar-te
Mas tu Mulher
Que sempre soubeste erguer bem alto a tua vontade
E o teu querer
Que na adversidade de uma sociedade machista
Lutaste pelo ideal de seres considerada Mulher
És agora justamente projectada
Para a vanguarda das forças progressistas
Tu
Mulher-mãe
Mulher-mulher
Mulher-lutadora
Mulher-companheira
Mulher-trabalhadora
Bendita sejas!
Beijinhos.
Ainda bem que tb gostaste da flor... Muito bonito o poema do Ary.
Espero que o dia esteja a ser muito bem passado.
Boa semana.
Que bom bocado eu passei aqui! Pelos pormenores que desconhecia acerca da Maria Lamas, pelo Ary, pela música do Rui Veloso...
Pelas palavras que deixaste no EQ, calculo que desconfies do que se passa, mas temos outros meios para comunicar.
Um abraço feminino.
Hoje venho apenas agradecer as palavras deixadas na arca velha.
Passarei mais vezes
Aproveitando a ocasião do tema aqui a propósito:
UM FELIZ DIA PARA TODAS!
QUERIDA ISABELITA
DEIXO UM BEIJO ATRASADO
PELO DIA QUE PASSOU...
QUE SEJA POR TI GUARDADO,
COM CARINHO E COM AGRADO,
COMO UMA FLOR QUE TE DOU!
:)*
Isabel
Embora atrasada deixo-te um beijinho e desjos de dias Muito Felizes para ti Mulher!
Cheguei tarde, mas valeu a pena, desde o texto de Maria Lamas, que tanta saudade deixou e me fez recordar o Grupo Joaninha a que pertenci e que se difundiu através da Modas&Bordados, revista que lia ainda muito jovem, era a mais completa que era possível para uma mulher, fora isso só existia a célebre Crónica Feminina e revistas de Lavores e "fadas do lar".
Ary dos Santos é sempre uma emoção lê-lo e faz-nos tanta falta! Não foi justo ter partido tão cedo.
Bela a tua homenagem nestes vultos únicos da nossa democracia.
Beijinhos.
Branca
Maria Lamas, parece-me um perfeito exemplo para Ilustrar a Mulher. Em qualquer que seja o Dia...
abraços!
Foi lá, na Escola Maria Lamas, em Torres Novas que fiz o secundário. Já lá vão 20 anos! :D
Recordar Maria Lamas a propósito do Dia Internacional da Mulher é lembrar alguém que soube defender as suas ideias e lutar por elas, mesmo em tempos difíceis.
Cumps
O percurso de Maria Lamas, o poema e a flor são uma escolha de excelência para assinalar o dia da Mulher no seu blog! Parabéns pela "trilogia" e muito obrigada pelo prazer que daí retiro.
MULHER! Ontem, hoje e sempre.
Tenho a indicação de um post novo hoje, mas aqui chegada não o encontro...
Um abraço e tudo de bom
excelente.
quem hoje sabe de Maria Lamas?
que bom saber que há quem recorde. sempre.
beijos e beijos
Uma mulher que poucos conhecem! De seus livros, pouco se sabe!
Merecida, a homenagem!
Um beijo,
... pelo olhar atento, sensibilizada!
Apesar de te não ter enviado (nem a ninguém) uma flor, aqui fica o penhor da minha Amizade e o meu Bem-hajas por nos recordares Maria Lamas.
Beijos
Maria Mamede
Que bom recordar Maria Lamas,o poema e a flor são bem escolhidos e, obrigada pela flor...
bjs
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