quinta-feira, 26 de março de 2009
A Casa em que nasci
A casa em que nasci, Marianinha
está voltada a Su-Sueste
e tem à frente um cipreste
de Atalaia à seara e à vinha.
Casa já antiga, descaiada,
se o Sol lhe bate na fachada,
inunda-se a varanda de alegria;
tia Rita fia na roca
e dos buraquinhos de alvenaria
salta pardal com pardaloca.
À velha chaminé é um regalo
ver o fumo a subir fazer halo.
No montado, ouvem-se anhos balir
e derretem-se lantejoulas a luzir
trouxe-as a Primavera no regaço
e espalhou-as pelo tojo, urze, sargaço,
sem desprezar trigal, jardim,
rampas, refúgio da erva ruim.
Manhã cedo, rompe a cantata,
nas árvores de fruto e pela mata.
-Sol, Sol- trauteiam os pardais
tordos, melros e verdiais
E o Sol ergue-se por detrás dos montes,
E lá vem, sem olhar a vias nem pontes,
triunfal, contente como um ás,
com sua capa de arcebispo primaz.
Aquilino Ribeiro
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
20 comentários:
Já tinha saudades de te ler.
Esse texto de Mestre Aquilo Tibeiro
é um encanto.Ternurento,mesmo.
Depois te contarei da dificuldade q.tive em ler certoa obras,por causa do vocabulário.Vais sorrir!
Miminhos à tua Maria.A minha vai fazer 2 meses.
Beijoo.
isa.
Até apetece dizer: "que saudades que eu já tinha, da minha velha casinha..."
Um abraço.
Já não lia Aquilino há muito, mas o olho fugiu para a Maria da Fonte...
Cumps
Aquilino!!!!
Que bom!!!!
E de repente...uma pontinha de saudade de uma casinha que eu sei!!!!
Bjkas!
...gostei muito de ler este poema do grande Aquilino, regresso muitas vezes a este mestre de dicionário na mão e tantas vezes em vão !
Abraço
_________ JRMARTO
Imagem e poema fazem um conjunto perfeito de harmonia e ternura.
http://simecqcultura.blogspot.com/
Lindo poema para uma linda imagem!
bjinhos
Esperança
Sabel
Desculpa um período mais prolongado de ausência, mas dada a minha intervenção, tenho tido dificuldade em estar sentado. Assim, tenho posto os comentários e as minhas postagens e pouco mais e não na mesma altura.
As coisas hão-de compor-se.
Um bom fim-de-semana e mil beijinhos.
Grato, muito grato pela tua atenção.
GOLDFINGER
Querida Cata-Vento:
Há quanto tempo não lia Aquilino!
Foi bom encontrá-lo aqui.
E a casa, linda foto.
Beijos
Ao ler este poema de Aquilino senti uma nostalgia do passado. Talvez algo semelhante ao que tu sentiste quando seleccionaste este poema de raízes.
É que hoje em dia já não se usam sentimentos destes.As pessoas desprendem-se e caem no vácuo.
Abraço, amiga
Isamar,
A saudade ao descrever a casa onde se nasceue e viveu.
Há sempre muito para dizer, e para muitos é uma autêntica tela, que o tempo não consegue destruir.
Beijinho
A nossa casa é a nossa casa. Vou contar-lhe uma coisa. Eu não tive uma casa até casar. Viviamos num barracão de madeira, na Seca à beira do rio Coina. Quando casei fui para Lourenço Marques, hoje Maputo, e fui viver para um prédio, numa casa a sério. Pois acredita que eu tinha saudades do velho barracão? Tantas que até sonhava com ele.
um abraço e bom fim de semana
muito bonito o voo do pardal com a pardalota...
... e o sol a erguer-se triunfal.
com a dignidade de "arcebispo primaz"...
gostei muito de ler. aqui.
beijos
OLÁ ISABELITA!
HOJE DESFORREI-ME AQUI NO CATAVENTO, E OUVI TODOS OS POSTS DE CABO A RABO ENQUNATO ALMOCEI COM O PAI.
FELIZMENTE A TECNOLOGIA AJUDA-ME MUITO POIS COMO SABES NÃO ME É POSSÍVEL LER TANTO TEXTO.
PARA MAIS ANDO A ESPIOLHAR TODA A BIBLIOTECA E MONTANHAS DE DOSSIERS DO MEU PAI, LIMPANDO E ESCOLHENDO...
ENCONTRO COISAS DELE E FAMILIA, DOS ANOS 30 E 40, MESMO UM SIMPLES RECIBO JÁ É UMA RELIQUIA HISTORICA!
QUANTO AO POEMA DE AQUILINO NAO CONHECIA. SABES QUE A MINHA JUVENTUDE FOI MAIS POVOADA POR LITERATURA CIENTÍFICA QUE LITERÁRIA PROPRIAMNETE DITA, DE MODO QUE FICO SEMORE CONTENTE POR APARECEREM POEMAS DE AUTORES PORTUGUESES QUE A MAIORIA DE VOCÊS CONHECE MELHOR QUE EU.
QUE SAUDADE S DE UMA CASINHA ASSIM! ONDE PUDESSE ESTAR UNS DIAS... VÃO LONGE OS TEMPOS NA CASA DA TIA, NA ALDEIA E AGORA SAÕ TEMPOS DE RECLUSÃO PARA MIM PELOS MOTIVOS QUE ASABES.
DE QQ MODO EU GOSTO DE REVOLVER E RELER VELHAS CARTAS, VER AS CAPAS DE VELHOS LIVROS E ESPERO DENTRO DE UM MES TER TUDO VISTO. SABES LÁ AS RELIQUIAS QUE TENHO JA POSTAS DE PARTE PARA DIGITALIZAR E FAZER POSTS. TUDO LEVA TANTO TEMPO AMIGA, E PARA MAIS ESTOU SEM A EMPREGAFA POR 2 MESES, FOI OPERADA A UM BRAÇO.
PASSA ÓPTIMO FIM DE SEMANA! SE ETIVER CHUVA E VENTO VAI ÀS TUAS VELHAS ARCAS OU DE TEUS PAIS, CALCULO QUE TB AÍ TENHAS PRECIOSIDADES!
BEIJINHOS MUITOS, UM ESPECIAL À MARIA!
ENTRE MUITOS PAPEIS Q TENHO ENCONTRADO DE MINHA IRMÃ,E FACTOS DA VIDA DELA Q DESCONHECIA OU CONHECIA MAL,
SABES QUE SÓ HÁ DIAS FINALMENTE LI AS ÚTIMAS PALAVRAS DELA, NUMA ENTREVISTA DADA AO JORNAL DA CIDADE DE BENTO GONÇALVES,NO RIO GRANDE DO SUL, QUE VISITAVA NAS FATÍDICAS FÉRIAS DE QUE NÃO REGRESSOU, EM 1972.
O MESMO SEMANÁRIO, PUBLICOU ESSAS ENTREVISTA JÁ APÓS O FALECIMENTO DE MINHA IRMÃ, NO MESMO DIA EM QUE NA 1ª PÁGINA ANUNCIAVA O SEU TRÁGICO FALECIMENTO.
HEI-DE DIGITALIZAE E ENVIAR-TE POR MAIL ESSE DOCUMENTO IMPRESSIONAMTE, QUE GOSTARIA PARTILHAR CONTIGO.
BEIJINHOS GRANDES, AMIGA!
Aquilino Ribeiro neste formato de post :-) fez-me recorrer ao dicionário, pois muitos são os termos novos, ou, estranhos para mim. A saber: anhos, tojo, urze, sargaço :-)
A língua tem sofrido inúmeras evoluões, de tal modo que qualquer dia para descodificarmos um texto, este tem que se fazer acompanhar do respectivo glossário ;-)
A propósito, aqui fica o meu contributo:
anhos = cordeiro
tojo = planta faseolácea; tóxico; veneno
urze 0 casta de uva do douro
sargaço = género de algas fucáceas; vesiculoso; que tem vesículas.
aquilino ribeiro, já quase nem me lembrava... é imperdoável!
foi bom vir aqui, mesmo a correr, ando cheia de "tarefas"... e cansada... as obras continuam!
mil beijinhosssssssss
Que saudades me deu da casa em que nasci...saudade, ternura...fiquei presa á tela como por encantamento,bjs
Uma bela casa! Quem me dera ter nascido numa assim!
Abraço.
Minha qurida Menina, boa tarde!
Tenho hibernado; deve-se a isso o meu desaparecimento.
Venho agradecer as tuas visitas e dizer-te que não me esqueço de ti; espero que já estejas bem, bem mesmo!
Que casa linda, minha querida Isabel!
E esse poema que eu não conhecia, que simples e que belo!
Obrigada pela partilha.
Beijos
Maria Mamede
Enviar um comentário