quarta-feira, 29 de abril de 2009

1º de Maio - Dia do Trabalhador


A todos que saíram às ruas,
De corpo-máquina cansado,
A todos que imploram feriado
As costas que a terra extenua
Primeiro de Maio!
Meu mundo, em primaveras,
Derrete a neve com sol gaio.
Sou operário - este é meu maio!
Sou camponês - este é o meu mês!
Sou ferro - eis o maio que quero!
Sou terra - o maio é minha era!”

(Meu Maio, Vladimir Maiakovski)



O 1º de Maio , Dia do Trabalhador, tem uma história longa , triste mas vitoriosa. Em finais do século XIX, com o início da industrialização, começaram a aparecer novos problemas relacionados com o trabalho. Um dos principais era o horário de trabalho que, nalguns casos, chegava a ultrapassar as dezasseis horas diárias.
Alguns reformadores sociais já tinham proposto, em várias épocas, a ideia de dividir o dia em três períodos: oito horas de trabalho, oito horas de sono e oito horas de lazer e estudo, proposta que, como sempre, era vista como utópica pelos empregadores. Com o desenvolvimento do associativismo operário e do sindicalismo, a proposta da jornada de oito horas tornou-se um dos objectivos centrais das lutas operárias e também causa de violentas repressões e de inúmeras prisões e até morte de trabalhadores. No 1º de Maio de 1886, milhares de trabalhadores de Chicago, tal como de muitas outras cidades americanas, foram para a rua, exigindo o horário de oito horas de trabalho por dia. No dia 4 de Maio, durante novas manifestações, uma explosão serviu de pretexto para a repressão brutal que se seguiu, que provocou mais de 100 mortes e a prisão de dezenas de operários. Este acontecimento, que ficou conhecido como os "Mártires de Chicago", tornou-se o símbolo e marco para uma luta que, a partir daí, se generalizou por todo o mundo.

Entre nós, a luta pelo horário de oito horas também tem uma longa história mas só em Maio de 1996 o Parlamento aprovou a lei da semana de 40 horas (oito horas diárias de segunda a sexta feira).

As novas formas de organização do trabalho, a precarização e a globalização trazem novos problemas que os trabalhadores têm de enfrentar. A exploração do trabalho infantil e da mulher, bem como dos imigrantes, são um desafio permanente à imaginação e à capacidade de organização e de luta dos trabalhadores.

O facto de os homens e as mulheres, em várias partes do mundo, sentirem como próprias as injustiças e as violações dos direitos humanos cometidas em países longínquos, que talvez nunca visitem, é mais um sinal de uma realidade interiorizada na consciência, adquirindo assim conotação moral.Trata-se, antes de tudo, da interdependência apreendida como sistema determinante de relações no mundo contemporâneo, com as suas componentes - económica, cultural, política e religiosa - e assumida como categoria moral. Quando a interdependência é reconhecida assim, a resposta correlativa, como atitude moral e social e como "virtude", é a solidariedade, a determinação firme e perseverante de se empenhar pelo bem comum; ou seja, pelo bem de todos e de cada um, porque todos nós somos verdadeiramente responsáveis por todos.

O 1º de Maio, apesar de herdeiro de uma forte tradição de luta operária, à mistura com perseguições, prisões e até mortes, não pode ser um dia triste. Recordemos as conquistas, as pequenas e as grandes ,que os trabalhadores foram conseguindo através dos tempos.

Façamos a festa!


( tirado da net)

17 comentários:

Anónimo disse...

Saudade do primeiro 1º de Maio.
Foi único! Que bom lembrares.
Beijo.
isa.

helia disse...

O 1º de Maio festejado pela 1ª vez em Portugal há 35 anos, foi um espectáculo de muita côr e alegria. Pena é que as grandes conquistas que os trabalhadores têm alcançado,sejam em muito menor número do que as grandes e que na época actual haja tanto desemprego!

João Roque disse...

Eu perdi esse primeiro 1º.de Maio em liberdade, pois estava na "guerra". Mas sei que perdi algo inolvidável...
Beijinho.

Elvira Carvalho disse...

Eu também perdi esse 1º de Maio. O meu 1º de Maio só ocorreu em 1976.
Desde aí tenho ido comemorar todos os anos. Este ano?.....
Um abraço e tudo de bom.

Maria disse...

Belo poema de Maiakovski. E excelentes fotografias...
(a segunda é junho de 2005, Isabel)

Bom 1º de Maio para ti.

Beijos

SILÊNCIO CULPADO disse...

Cata-Vento

O 1º. de Maio e tudo o que simboliza faz cada vez mais sentido à medida que os direitos de quem trabalha são espezinhados e volta a não haver horários de trabalho e salários que não dão para viver.
Este post excelente deverá ser de leitura obrigatória para que todos entendam que é necessário retomar a luta que este dia simboliza.

Abraço

Anónimo disse...

Mesmo com os direitos dos trabalhadores estarem a sofrer duros, (rudes) golpes da reacção e dos senhores do dinheiro, o 1º de Maio dos tempos de hoje, tornou-se (infelizmente e salvo raras excepções), numa feira/festa de barracas de comes e bebes com música pimba.

Hoje, mais do que nunca, os trabalhadores deste País deviam invadir as ruas da cidade, de forma unitária e demonstrar que não estão a dormir, estão atentos, e não se deixam manipular.

Desculpa o desabafo.

Tudo de bom.

De Amor e de Terra disse...

Minha querida Isabel, boa tarde.
Quem dera a hora fosse de verdadeiro júbilo, quem dera.
No entanto, apesar da raiva que cá dentro cresce e me faz escrever em tormenta, continuo a teimar no sonho de Um Amanhã Melhor e mais justo para todos.
Beijos Amiga.
Maria Mamede

SILÊNCIO CULPADO disse...

Isabel

Que o 1º.de Maio seja um dia como tu desejas.


Abraço

EDUARDO POISL disse...

O mar me ultrapassa.
Mas ondas haverão de contar
Aos ouvidos que lá pousarem
Que um dia sonhei no mar.

O céu não vai se importar
Quando eu monge de meu hábito partir.
Mas estrelas enquanto restarem
Hão de lembrar
Que um dia me puseram feliz.

A terra , é fato, há de me subtrair.
Mas a árvore que me deitou raiz
E as cores
Que em meu tempo colhi
Estas eu levo comigo
Ninguém há de tirá-las de mim.

Fernando Campanella

Desejo um lindo final de semana com muito amor e carinho
Abraços Eduardo Poisl

Nocturna disse...

É verdade, o 1º de Maio de 1974 foi uma grande festa. Festa de unidade.
Unidade Cata-Vento? Não estavam entre nós algumas pessoas que diziam festejar os direitos dos trabalhadores e que nos meses seguintes os traíram ? Era sincera a alegria que manifestaram , ou oportunismo ?
O tempo que passou pôs as coisas nos seus lugares e talvez nas manifestações de hoje, embora mais pequenas, tenhamos a certeza que temos ao lado um amigo , sinceramente interessado em melhorar este País.
O tempo, o tempo sempre esclarece tudo.
Um fraternal abraço e um bom e alegre 1º de Maio.
Nocturna

Jorge P. Guedes disse...

Foste buscar um belo poema de Maiakovsky! Que talento que se perdeu aos 37 anos, ao que se pensa levado a suicidar-se depois de uma visita da KGB.

O 1º de Maio, hoje, é dia de solidariedade com os muitos milhares de desempregados no país e por toda a parte.
Vivemso uma era muito complocada e, como sempre, quem mais sofre é quem menos tem e mais precisa.

Já agora, deixo-te um dos meus poemas preferidos, exactamente de Maiakovsky, em que ele revela exactamente o seu conceito de poesia, muito semelhante ao meu.

Eu
à poesia
só permito uma forma:
concisão,
precisão das fórmulas
matemáticas.
Às parlengas poéticas estou acostumado,
eu ainda falo versos e não factos.
Porém
se eu falo
"A"
este "a"
é uma trombeta-alarme para a Humanidade.
Se eu falo
"B"
é uma nova bomba na batalha do homem.
UM ABRAÇO FRATERNO.

Maria Faia disse...

Querida Amiga,

O 1º de Maio é sempre um dia de alegria pelas conquistas dos trabalhadores. Mas, essa alegria vai ficando cada vez mais encoberta pelos "fantasmas" reais do desemprego, da fome e da miséria. Essa é a nossa triste realidade...

Um beijo amigo, com votos de resto de fim de semana feliz,

Maria Faia

Papoila disse...

Querida Amiga:
Não estava cá nesse primeiro 1º de Maio. Mas sempre que vejo imagens e foram tantos os filmes que vi na altura que mesmo longe (no Miradouro da Lua em Angola) sinto-o único!
Beijos

fa_or disse...

O povo saiu á rua num dia assim...

e hoje luta-se pelo direito ao trabalho condigno que alimente as bocas famintas...

Bjs

gaivota disse...

minha querida, no 1º primeiro de maio de 1974, foi assim que assisti à festa no ex-inatel, av. rio de janeiro em lisboa, do escritório onde trabalhava na altura, um 10º andar de frente para o estádio! uma multidão imparável, uma loucura desmedida, uma festa sem fim! foi uma noite se m precedentes em que todas as vozes sairam à rua, desmesuradamente...
foi o 1º de maio, o dia do trabalhador, um dia memorável e eterno em portugal, daqueles tempos!
saudadesssssssssss
ilusão, descrédito, desapontamentos
beijinhosssssssssss milesssssss

o escriba disse...

Isamar

Assisti ao primeiro de Maio em Liberdade, já lá vão 35 anos. Ainda me recordo do bater acelerado do coração!

bjinhos
Esperança